Há uns dias, numa animada conversa com um amigo meu, entendido nas coisas da psique, este falava-me de um facto recorrendo à imagem do Homem do Pau.
Eu já conhecia a do puto da bola.
Aquele miúdo, que todos nós conhecemos, que quando perdia, ou não o deixávamos jogar onde queria, metia a bola debaixo do braço e lá ia resmungando certo da sua propriedade, impedindo os outros de jogar.
Mas esta do tipo de pau deixou-me interessado.
O Tipo de Pau é o fulano, pequeno e fraco, complexado, que de repente obtém o poder.
E em vez de administrar a sua força (leiam o primeiro capitulo do Moral e Dogma do Albert Pike, sobre a força do vapor e a sua utilidade) com vista à ordem desata à paulada com os outros.
Recebe um pau, com o qual pode dar umas pauladas.
E assim, de repente torna-se grande, e vá de mandar pauladas nos outros.
Dá uma paulada e observa o efeito. E normalmente, habituado que está a curvar-se e a ver-se pequeno, gosta do que vê.
E repete, repete...até o pau se partir, ou até estar sozinho. Voltando a ser outra vez um pequeno, digno de um livro de Aldous Huxley.
Eu tenho medo dos gajos do pau.
A propósito desta história lembrei-me de uma outra e imaginei ainda outra:
Quando era pequeno e tinha consciência política, defendia sempre, e para margem de qualquer duvida, os miseráveis, os pobres, os desempregados. E achava que todos eram bons.
E todos os dias observava o cantoneiro que passava na minha rua, com ar infeliz, cabisbaixo, possivelmente com miúdos para criar.
Pobre homem.... se um dia este homem tivesse poder o mundo seria diferente....
Assim pensava na minha infância.
Mas um dia vejo que o cantoneiro tinha um ajudante. Um pobre rapaz, da CERCI lá da terra, ainda mais miserável do que ele, limitado no entendimento, ainda mais inocente e puro do que o cantoneiro (estranho como a pureza ocupa o espaço deixado livre pela racionalidade).
Observei.
E ai vi que o cantoneiro assumia agora a posição de chefe, de lider....do puto. Agora tinha poder ( se fosse hoje...agora tinha um pau).
E tratava mal o puto. Humilhava-o, explorava-o....Enfim dava-lhe umas pauladas.
E muita coisa mudou na minha consciência, o que, por várias razões, não vem agora para o caso.
Há coisa de dias (horas?) imaginei, depois de ter recordado a conversa com o meu amigo da psique, e de me ter lembrado do sacana do cantoneiro, a seguinte imagem surreal:
Estava o Miguel Ângelo a pintar uma parede. Utilizava as mais requintadas tintas e, mestre que era, pintava ...como só os mestres sabem fazer.
De repente....salta do talho em frente, o talhante, porco, pequeno, com um cutelo a vociferar contra o Miguel Ângelo que lhe estava a estragar a parede, que aquilo era uma porcaria....
O bom do Miguel Ângelo foge, como pode, sem olhar para trás.
Para uns, o Miguel Ângelo fugiu porque fora apanhado a fazer asneira.
Para outros o homem do talho era um critico de arte entendido que o desarmou, tendo o Miguel Ângelo fugido por vergonha.
Para mim.....era um simples homem do Pau....
com esses....não argumentem....fujam!
2 comentários:
Ou arranjamos maneira de lhe tirar o pau?
Claro.
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