Ao longo destes anos fui colocando neste pequeno espaço, visitado amiúde por uma pequena legião de entusiastas da fotografia espalhados pelo mundo, diversas técnicas e experiências que fui experimentando em torno do conceito de fotografia.
Procurando o minimalismo, a quase ausência de modernidade, procurei e (procuro!) não afastar-me do essencial, tentando obter e cruzar materiais sensíveis com diferentes tempos e formas de exposição.
Um dos que mais gosto é o Lumentype (ver mais aqui ), pela simples razão que usa papel fotográfico fora de prazo e até exposto (mais barato e acessível) e não necessita de químicos nem de câmara escura para a imagem surgir.
Digo isto porque,
Hoje, tirando o pós às velhas máquinas que guardo, parei por momentos ver a Ensign Box da Houghton-Butcher Ldt. de cerca de 1930.
colecção do autor. |
colecção do autor |
Lembrei-me da velha "ratoeira" de Talbot, máquina inicial em que o mesmo colocava papel salgado (solução de sal e solução de nitrato de prata) e deixava durante longos períodos no seu quintal, a absorver a luz e a formar uma imagem, efémera, no seu interior. ( e a sua esposa dizia que eram ratoeiras)
Dizia ele: “the inimitable beauty of the pictures of nature’s painting which the glass lens of the Camera throws upon the paper in its focus—fairy pictures, creations of a moment, and destined as rapidly to fade away."
E assim, lembrei-me de colocar no interior da minha velha máquina uma tira de papel fotográfico e, abrindo o obturador, deixei-a apontada para a rua, para o meu quintal.
Por 3 horas a luz entrou no seu interior e, pouco a pouco, os raios solares foram provocando a sensibilização do papel, formando uma imagem, sem necessidade de revelador (que por oxido-redução, iria ampliar e acelerar o processo)
A imagem que obtive, em negativo, não pode ser fixada, pois a quantidade de luz recebida não é suficiente para, sob acção do revelador, manter-se.
Por isso, para a vos poder mostrar, tive de a digitalizar e depois inverter.
Dando origem à fotografia final.
Veja-se o carro fantasma, que, durante a exposição, sensivelmente a meio, foi retirado do local.
Poderemos ainda, e desde logo, pensar em várias alternativas ainda mais simples:
Uma simples caixa de sapatos com uma lupa em vez de lentes, ou uma lata com um pequeno furo da largura de uma agulha....
Fotografar é conseguir imprimir uma imagem num objecto, usando a luz, durante determinado tempo. Esse tempo é determinado pela luz existente e pela capacidade desse objecto se alterar pela acção da luz.
Mesmo que no mundo a Luz existente se resumisse a uma vela...mesmo assim poderíamos gravar a sua imagem.
Para quem quiser aprender estas e outras técnicas:
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