quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A Ilha de Arlequim


Realização: José (Zeca) Medeiros, duração 86 minutos, Estéreo, Cor. Idioma: Português, Legendas em Inglês e Italiano



Ontem recebi amável convite para ir assistir à exibição do filme " A Ilha de Arlequim" no Auditório do Ramo Grande, aqui bem perto na Praia da Vitória.

Não poderia deixar de a ele aceder, por dois motivos:

Fora feito por uma das intervenientes, minha amiga de longa data, vizinha da longínqua Grândola e que  agora partilha comigo a Insularidade Atlântica. (Omito o nome porque não sei se ela quer ser identificada como minha amiga de longa data.)

Depois, era a oportunidade de conhecer o Zeca Medeiros, quer visionando uma sua obra, quer pela troca de breves palavras que decerto ocorreriam...

E assim foi. Adentrei-me na noite de chuva e vento...deixando o conforto de casa.

Quando chego o filme já havia começado...

Foi fácil encontrar um bom lugar, numa escura e vazia sala que contudo era preenchida com a projecção e o ambiente cinéfilo.

Faltava(-me) apenas o fumo dos cigarros e o som da velha máquina de projecção.

Sentei-me. Confortavelmente. Com as pernas para o corredor.

De inicio, (reconhecendo aqui a minha ignorância nestas coisas dos filmes), antevejo um documentário sobre um qualquer barco que havia dado à costa numa das ilhas....Mantenho-me curioso...


...pouco a pouco, apercebo-me da sua magia à medida que as peças se vão juntando....


Zeca Medeiros, partindo de um infortúnio, vai unindo pedaços de acontecimentos caóticos mas conexos, construindo uma estória que nos transporta para uma reflexão, contemplativa e racional, sobre a nossa própria existência.


Lembro-me (porque nestas coisas gosto de comparar o complexo com o simples) dos livros para crianças que tinham apenas pequenos pontos para unir, descobrindo-se no final um desenho. 

...neles os pontos estavam numerados, pelo que a imagem seria sempre a mesma. Antevia-se...mas...na vida... não é assim. 

Como se diz a certa altura no filme: O Sonho? Acaso? é o Maior Arquitecto do Mundo.


Pois foi assim, como que repetindo os gestos das crianças com os seus lápis,  que Zeca Medeiros e os seus amigos, unindo factos/pontos isolados como:

...Um barco encalha na Praia do Norte...Um contentor de um teatro de Milão dá à costa...No seu interior adereços do Arlequim...A peça a ilha dos Escravos em que Arlequim naufraga numa ilha... O Teatro de Giz



Pegou neles,
adormecidos e 
colocou-os por ordem, 
deu-lhes um espaço e animou-os de tempo,
qual ritual,
re-ligando-os.
acordando-os...


Mas como qualquer ritual, qualquer simbolo, o ensinamento que ele encerra será diferente em/para cada um de nós.

...isto porque os elementos são recolocados na nossa ordem ...porque a eles nos juntamos, nos re-ligamos....



Convido-vos a procurá-lo e a reescreve-lo com o vosso próprio Ser.












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