Foto: Rui Mestre ou Cristina Horta?
Já me considerei imortal.
Não no sentido de viver para sempre, pois o corpo, vivendo no espaço, às regras deste não foge.
Mas achava-me, como que amparado, nos meus actos, por uma entidade superior, que me impediria de morrer, de me perder.
Diferente dos anjos da guarda, mas parecida.
Poderia invocar essa entidade transcendente e continuaria sempre a ter as melhores notas da escola. E tinha.
Poderia invocar esse auxilio e tinha sempre a solução para os meus problemas.
Poderia colocar-me nas situações mais perigosas sabendo sempre que era uma questão de tempo para chegar a casa e amanhecer.
E assim vivi a minha adolescência. Numa inconsciência que me permitiu ser feliz e livre.
Não me lembro de quando perdi essa aura da auto-imune-confiança.
Mas hoje tenho a consciência que tudo não passava do meu alter-ego.
Hoje, contudo, sinto-me mortal na minha descrença.
Pesando os meus actos, sinto-os. E prendo-me.
1 comentário:
quando a malta passa dos 30
é o que acontece...
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